7 níveis de práticas comerciais éticas

INTRODUÇÃO

"A cultura, mais do que os manuais de regras, determina como uma organização se comporta."
- Warren Buffet

O comportamento antiético ou ilegal não existe em um vácuo. Há influências culturais de várias camadas em jogo, conscientes ou não, que incentivam esse tipo de comportamento. A tarefa de promover a ética não pode ser deixada apenas para a função de conformidade ou jurídica. Em vez disso, a liderança de toda a organização deve cooperar para abordar os fatores sistêmicos da cultura que influenciam os funcionários.  

Às vezes, quando as normas que regem o comportamento em uma organização são fortes o suficiente, até mesmo pessoas boas fazem coisas ruins. Há um consenso crescente entre líderes empresariais, reguladores e legisladores de que a cultura é essencial quando se trata de promover o comportamento ético nas organizações. Na verdade, 85% dos CEOs e CFOs acreditam que "uma cultura ineficaz e mal implementada aumenta a chance de um funcionário agir de forma antiética ou até mesmo ilegal".

Criar e manter uma organização em que todos os que fazem negócios em seu nome se comportem de forma ética (façam a coisa certa) exige atenção a todos os aspectos da cultura.

O Barrett Model® é uma maneira poderosa de visualizar os fatores que, juntos, ajudarão os líderes a criar conscientemente uma cultura ética eficaz, resultando em conformidade com as leis e os regulamentos aplicáveis.

PRÁTICAS COMERCIAIS ÉTICAS

Organizações de todo o mundo estão usando o Barrett Model® para criar maior conscientização em todos os níveis de liderança e gerar maior desempenho em todas as partes da organização. Os princípios estabelecidos no Ethical Business Practice and Regulation estão contribuindo para mudar a forma como os órgãos reguladores e as empresas pensam sobre regulamentação e comportamento ético.

 

DEFINIÇÕES

A Prática Ética nos Negócios (EBP) consiste em criar uma cultura na qual as pessoas tomam decisões e agem de forma a criar negócios sustentáveis, atender às necessidades de todas as partes interessadas e cumprir suas obrigações éticas e legais

A Regulamentação Ética Empresarial (EBR) é um relacionamento entre uma empresa e seu(s) regulador(es), no qual a empresa produz evidências de seu compromisso com a EBP e o regulador reconhece e incentiva esse compromisso. 

Ética é fazer a coisa certa, mesmo que seja mais do que a lei exige.

 

A EBP é uma abordagem holística e baseada em valores para criar uma cultura ética e eficaz. Ela se baseia em evidências de que uma abordagem puramente de conformidade é ineficaz e potencialmente contraproducente. O contexto no qual as pessoas operam pode resultar em má conduta, mesmo por pessoas com valores sólidos, portanto, a EBP é uma estrutura para criar um ambiente no qual as pessoas possam fazer a coisa certa.  

A EBP baseia-se na convicção de que "a ética é responsabilidade de todos". Ela adota uma abordagem colaborativa, envolvendo pessoas de toda a organização para que "fazer a coisa certa" se torne parte da cultura. Ela se baseia na experiência do setor de segurança da aviação, onde a eliminação da culpa, a promoção da abertura e o aprendizado com os erros produzem melhorias. O Modelo Barrett ajuda a entender e implementar a EBP.   

A seguir, apresentamos uma visão da Prática Ética nos Negócios, conforme vista pelas lentes do Modelo Barrett. Observação: Maior não é melhor.

NÍVEL 1: SOBREVIVÊNCIA

De uma perspectiva pessoal, está relacionada à satisfação das necessidades físicas e básicas de sobrevivência, como saúde, segurança e estabilidade financeira. 

Do ponto de vista organizacional, trata-se de viabilidade/sustentabilidade financeira e da segurança e proteção das pessoas na organização. O foco em resultados financeiros, lucro e crescimento, sem ênfase em valores e integridade, pode resultar em comportamento antiético e corrupção.

De uma perspectiva social, trata-se de evitar a corrupção, que, se generalizada, resulta em desconfiança nas instituições, desigualdade, pobreza, baixa qualidade ou falta de infraestrutura, falha no Estado de Direito e, por fim, pode levar à violência e à falta de segurança. 

PERGUNTAS:

  • Será que nos concentramos apenas nos resultados financeiros sem perguntar como eles são obtidos?

  • Temos um propósito mais amplo do que o lucro?

  • Consideramos todos os nossos acionistas ou apenas nossos acionistas/proprietários?

  • Os funcionários têm condições de trabalho seguras?

NÍVEL 2: RELACIONAMENTOS

De uma perspectiva individual, trata-se de um sentimento de pertencimento.  

Do ponto de vista organizacional, trata-se de uma cultura aberta que permite que relacionamentos de respeito mútuo se desenvolvam e prosperem. Trata-se também de ter uma comunicação interna eficaz de nossos valores e propósitos, bem como das informações de que as pessoas precisam para realizar seu trabalho. Os líderes ouvem e são hábeis em gerenciar pessoas e incentivam conflitos e desafios construtivos, não culpam nem intimidam, e são capazes de aprender com os erros e ajudar os outros a fazer o mesmo.  

De uma perspectiva social, trata-se de ser um bom cidadão corporativo e reconhecer que os funcionários têm famílias, amizades e outros interesses fora do trabalho. 

PERGUNTAS:

  • Temos uma cultura de culpa?

  • Nossos líderes criam um ambiente emocionalmente seguro para suas equipes?

  • Respeitamos uns aos outros e ouvimos o que os outros têm a dizer?

  • Como tratamos as pessoas que se manifestam quando discordam ou têm uma perspectiva alternativa?

NÍVEL 3: AUTOESTIMA

De uma perspectiva individual, trata-se de saber se sentimos que temos as habilidades, a confiança e a competência para fazer o trabalho.  

De uma perspectiva organizacional, trata-se de qualidade, incentivos e gerenciamento de desempenho, conformidade e outros sistemas e processos que permitem que as pessoas façam a coisa certa. O treinamento e a conscientização eficazes proporcionam a todos o conhecimento, as habilidades e o orgulho profissional necessários para uma cultura ética eficaz.

Do ponto de vista da sociedade, trata-se de a organização cumprir as leis e os regulamentos aplicáveis e criar sistemas e processos de bom desempenho que forneçam uma base para que a organização cumpra seu objetivo e faça a diferença para a sociedade. O comportamento dos líderes afeta a cultura da organização, e isso é particularmente importante quando se trata de conformidade com regras e regulamentos.

PERGUNTAS:

  • Nossos sistemas de conformidade são eficazes e não onerosos? 

  • Nossos sistemas de gerenciamento de riscos são adequados para identificar os riscos que enfrentamos em toda a empresa?

  • Seus funcionários têm orgulho de dizer a outras pessoas para quem trabalham?

  • Seus funcionários sabem o que se espera deles?

  • Temos as habilidades individuais e coletivas, o treinamento e as informações/conhecimento adequados para permitir que as pessoas tomem decisões éticas?

  • Aplicamos nossas políticas de forma justa e consistente em toda a organização?

NÍVEL 4: TRANSFORMAÇÃO

Do ponto de vista individual, trata-se de ter coragem e sentir-se capacitado para tomar decisões e fazer a coisa certa, assumir a responsabilidade pelas próprias ações e ser capaz de aprender com os próprios erros a serviço da melhoria contínua.  

Do ponto de vista organizacional, trata-se de criar uma cultura de aprendizado e "justa", capaz de examinar as causas básicas dos erros e aprender as lições sem culpa. Ela contém a energia para a evolução, a mudança e o crescimento. Uma organização ética capacita seu pessoal e o responsabiliza por suas ações, dentro do contexto de uma cultura justa.

De uma perspectiva social, trata-se da adaptação da organização às mudanças nas condições do mercado e da vida e da capacidade dos líderes de tomar decisões corajosas diante de desafios ambientais ou sociais. 

PERGUNTAS:

  • Temos um procedimento regular para realizar a análise de causa raiz e implementar os resultados?

  • Qual é o grau de diversidade da organização em termos de gênero, etnia, orientação sexual e diversidade de pensamento?  

  • Nós classificamos as pessoas que têm a coragem de desafiar o status quo como criadoras de problemas?

  • Temos uma atitude equilibrada e adequada em relação ao risco? Qual é o nosso apetite por riscos? 

NÍVEL 5: COESÃO INTERNA

De uma perspectiva individual, trata-se de integridade pessoal e de encontrar significado e propósito na vida. Permanecemos fiéis aos nossos valores quando confrontados com forças ou situações que podem nos influenciar (consciente ou inconscientemente) a traí-los.

De uma perspectiva organizacional, trata-se de ter um propósito bem definido, uma visão compartilhada e um conjunto de valores compartilhados. O valor subjacente é a confiança e, portanto, a liderança pelo exemplo.  

De uma perspectiva social, trata-se de ter um propósito que atenda a todas as partes interessadas. 

PERGUNTAS:

  • Qual é o nosso propósito e o articulamos claramente?

  • Nossos funcionários realmente compartilham a visão e o propósito?

  • Definimos claramente nossos valores e apoiamos as pessoas a usá-los na tomada de decisões diárias?

  • Nossos valores apoiam nossa aspiração de operar de forma justa em tudo o que fazemos?

  • Nossos valores são vividos e demonstrados de forma autêntica por nossos líderes?

  • Gostamos do que estamos fazendo? Somos capazes de relaxar, rir juntos e nos divertir?

  • Temos uma visão compartilhada de que a ética é responsabilidade de todos?

NÍVEL 6: FAZENDO A DIFERENÇA

De uma perspectiva individual, trata-se de fazer uma diferença positiva para o mundo, vivendo o propósito de cada um, e os relacionamentos estreitos formados para trabalhar juntos nesse empreendimento.  

Do ponto de vista organizacional, trata-se de colaboração interna e além das fronteiras da organização para fazer a diferença na vida de todas as partes interessadas, inclusive nas comunidades em que você reside e atende.   

De uma perspectiva social, trata-se da ação coletiva entre todos os setores para alcançar uma sociedade ética que apoie a qualidade de vida sustentável para todos. 

PERGUNTAS:

Tratamos os terceiros com quem trabalhamos de forma justa? Dedicamos tempo para explicar nossos valores, ouvir os deles e chegar a um acordo sobre como queremos trabalhar juntos?

Participamos de iniciativas de ação coletiva para melhorar o desempenho ético do nosso setor industrial?

Queremos ser os melhores do mundo ou os melhores para o mundo em nosso setor?

Procuramos oportunidades de causar um impacto positivo na vida de nossos acionistas e nas comunidades onde fazemos negócios?

NÍVEL 7: SERVIÇO

De uma perspectiva individual, trata-se de sua ética pessoal, compaixão e de como você procura servir à humanidade. 

Do ponto de vista organizacional, trata-se de ter uma perspectiva de longo prazo e priorizar a conduta ética, a responsabilidade social, os direitos humanos e a preocupação com a contribuição da sua organização para a sustentabilidade global.  

De uma perspectiva social, trata-se do que é importante para o seu país, sua visão de mundo e sua atitude em relação aos direitos humanos e às gerações futuras.  

PERGUNTAS:

  • Consideramos o impacto de nossas operações sobre os direitos humanos de todas as partes interessadas em nossa cadeia de suprimentos?

  • Respeitamos os direitos humanos das pessoas nas comunidades onde operamos?

  • Nossa organização é ética em todos os aspectos de suas operações e dos produtos que produz? 

  • Tomamos decisões de investimento com base no longo prazo e no impacto sobre as gerações futuras?  


BASEADO NO MODELO BARRETT DO BARRETT VALUES CENTRE® E NA PRÁTICA E REGULAMENTAÇÃO ÉTICA DE NEGÓCIOS: UMA ABORDAGEM COMPORTAMENTAL E BASEADA EM VALORES PARA CONFORMIDADE E APLICAÇÃO (HODGES & STEINHOLTZ, 2017, HART PUBLISHERS)

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